Material de Estudo para as turmas de 7º ano - CE Borell e CE Júlio Teodorico
HISTÓRIA DO ATLETISMO: DA GRÉCIA A BEIJING
Antes de iniciarmos a nossa corrida é importante conhecermos a modalidade esportiva que vamos praticar, por isso, como forma de aquecimento vamos começar definindo o ATLETISMO.
De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, utiliza-se este termo como: “Designação comum às atividades desportivas, geralmente de caráter competitivo”. Esta definição serve como ponto de partida, mas faz-se necessário definí-lo melhor.
Uma observação técnica desta modalidade nos permite afirmar que ele é um esporte formado por provas de pista (corridas e marcha), de campo (saltos, lançamentos e arremesso), provas combinadas (decatlo e heptatlo – combinam as provas de pista e campo), o pedestrianismo (corridas de rua) e as corridas em montanha (cross country).
Agora que você já foi apresentado para o Atletismo, vamos começar a nossa Maratona, que tem início por vota do ano de 390 aC., momento marcado pela prática do atletismo como um meio do ser humano caçar e evitar de ser caçado pelos outros seres vivos presentes na terra. Para facilitar o nosso estudo, vamos dividir esta trajetória em três momentos interdependentes:
Pré-esportivização
Inicia-se nas civilizações primitivas, onde as ações tinham um objetivo utilitário, sendo realizadas fundamentalmente como um meio de sobrevivência. Os homens utilizavam a corrida, o lançamento de objetos e os saltos para tentar conseguir comida e outras vezes para evitar que eles se tornassem o próprio alimento.
Com o passar do tempo, acabou prevalecendo o instinto competitivo do ser humano. Mesmo, não sendo possível afirmar com certeza o momento em que o atletismo deixa de ser uma prática utilitária e se torna uma atividade recreativa, existem indícios que apontam para a prática de competições atléticas nas civilizações primitivas, onde o homem media a sua força, rapidez e habilidade, inicialmente contra obstáculos naturais e posteriormente contra outros homens, momento em que essas práticas foram organizadas através dos Antigos Jogos Olímpicos.
Com o advento das guerras, as atividades atléticas tornaram-se um meio eficiente para a preparação dos exércitos, a ponto do imperador romano Teodósio I (O Grande), no ano de 393 d.C. resolver extinguir os Antigos Jogos Olímpicos, como prova do seu arrependimento por ter mandado matar milhares de pessoas no Massacre da Tessalônica. Iniciando o segundo momento.
Ocorreu durante a Idade Média (476 d.C. a 1453), momento em que os educadores vitorianos introduziram os esportes nas escolas inglesas. Aqui tem início o processo de padronização da regulamentação do atletismo que, paulatinamente, vai sendo difundido para a Europa e posteriormente para todo o mundo.
Coube aos ingleses a tarefa de reviver, de forma definitiva, as competições clássicas de pista e campo, no início do século XIX, com a reforma que os educadores vitorianos introduziram nas escolas públicas, foram aproveitados os princípios defendidos por Thomas Arnold, na Rugby School.
Outra versão indica que no século XVIII a Inglaterra era considerada o berço do esporte moderno. Neste momento, ela introduz a prática do atletismo em suas escolas primárias públicas, sob a égide das teorias de Rousseau. Da mesma maneira que acontece com outros esportes, a prática do atletismo é levada para o restante do mundo, através dos vários trabalhadores ingleses que saíram do seu país para auxiliar no desenvolvimento estrutural de outras nações.
No século XIX, realizou-se as primeiras competições atléticas universitárias, envolvendo as universidades de Oxford e Cambridge (1864), o primeiro meeting nacional em Londres (1866) e o primeiro meeting amador realizado nos Estados Unidos em pista coberta (1868).
Em 1913, fundou-se a Associação Internacional de Federações de Atletismo. Com sede central de Londres, a associação é o organismo central das competições de atletismo em escala internacional, estabelecendo as regras e dando oficialidade às melhores marcas mundiais obtidas pelos atletas.
O atletismo mantém uma correlação direta com os acontecimentos que envolveram os Jogos Olímpicos, seja na antiguidade e principalmente na Era Moderna. Em 1892, numa sessão solene realizada na Sorbonne, em Paris, Pierre de Fredi, mas conhecido como “Barão Pierre de Coubertin”, apresentou um projeto para que fossem reativados os Jogos Olímpicos extintos por Teodósio I.
Seu objetivo era um movimento internacional, o Olimpismo, que visava a promover o estreitamento de relações entre os povos através do esporte. A proposição tinha também, fins pedagógicos, como os de formar o caráter dos jovens pela prática esportiva, despertando-lhes o senso de disciplina, o domínio de si mesmo, o espírito de equipe e a disposição de competir. Mas a ideia só se concretizou em 1894, a partir de um Congresso realizado também na Sorbonne, dessa vez com a participação de representantes de 14 países. Foi criado o comitê olímpico internacional, com sede na Suíça, e estabeleceram-se as normas para a realização dos primeiros jogos em 1896, na Grécia.
A primeira versão dos Jogos Olímpicos da Era Moderna foi realizada em Atenas, na Grécia. Participaram 285 atletas, de 13 países. Desde então, a tocha olímpica foi reacendida com a finalidade de promover paz entre a comunidade mundial. A intenção do Barão de Coubertin era de unir os povos pelo esporte.
O primeiro programa olímpico de atletismo compreendia corridas de 100, 400, 800 e 1.500m, e mais a de 110m com barreiras, saltos em distância, altura, triplo e com vara, lançamentos de peso e disco. Uma prova especial foi organizada para os corredores de fundo - a maratona. Uma versão romântica presente na história, relata que o francês Michel Bréal, pretendia recordar o “ato heróico” de um soldado ateniense que correu da cidade de Maratona até Atenas, para anunciar aos gregos a vitória de Milcíades sobre os persas em 490 a.C.
A maratona olímpica - que acabou convertendo-se numa das provas clássicas dos jogos olímpicos modernos - foi corrida num percurso de 42,195 km, aproximadamente a mesma distância cumprida por Fidípedes.
As mulheres só começaram a participar regularmente dos jogos olímpicos em 1928, cumprindo um programa de 100, 800 e 4x100 metros, o salto em altura e o lançamento do disco.
Até 1948, outros acréscimos e supressões foram feitos tanto no programa masculino como no feminino. De 1948, quando o número de provas para mulheres aumentou consideravelmente, a 1956, ano em que disputou a primeira marcha de 20 km (a de 50 km já fora introduzida em 1932) o programa oficial sofreu suas últimas ações.
Atualmente, os Jogos Olímpicos são realizados, de quatro em quatro anos, em países e cidades diferentes. O atletismo continua sendo uma das principais atrações, sendo composto por 26 provas masculinas e 23 femininas.
Ao analisar o desenvolvimento tecnológico esportivo para as Olimpíadas de Pequim, a repórter Heleni Felippe mostrou que cada uma das disputas de medalhas está cercada de novidades, que envolvem as instalações esportivas e os equipamentos utilizados pelos atletas, destacando-se a confecção de roupas com tecidos inteligentes que “respiram” não retendo o suor e auxiliando para que a temperatura corporal permaneça em equilíbrio, além disso, destacam-se os pisos utilizados nas pistas que impulsionam os pés dos atletas, pés estes que utilizam calçados feitos sob medida, pesando poucas gramas.
Em Pequim, o Estádio Ninho do Pássaro, foi projetado para receber cerca de 91 mil pessoas, a pista foi feita com o mais moderno piso do mundo, fabricado pela empresa italiana Mondo, que utilizou uma nova tecnologia: “Amortece o impacto e devolve energia ao atleta”, explica o engenheiro Décio Chusid. É a nona vez que a empresa cobre a pista de atletismo em uma Olimpíada.
Além do piso, cronômetros, telões e até ventiladores gigantes foram utilizados para refrescar o público. De acordo com o diretor técnico do Troféu Brasil de Atletismo (Martinho Nobre dos Santos), o mais impressionante são os sistemas gerenciadores de competição, pois, sem sair da cadeira, o público, o jornalista ou o técnico têm todas as informações no estádio, recebendo-as na tela do computador, na TV ou no celular. “Os sistemas são os mesmos, mas na Olimpíada cada fabricante sempre leva o que tem de mais moderno, as novidades. No atletismo, tudo é interligado, do disparo do revólver, passando pelo sistema de detecção de largada falsa no bloco de saída, o vento registrado pelo anemômetro, até a chegada e a cronometragem, transmitida em forma de resultado por wireless”.
As primeiras matérias sobre o atletismo no Brasil foram localizadas no jornal carioca Commercio, em 1880, o qual apresentava os resultados de competições atléticas realizadas naquela cidade.
Nas três primeiras décadas do Século 20, a prática atlética foi consolidada entre nós. Em 1914, a antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos) filiou-se à IAAF (Federação Internacional de Atletismo Amador).
Em 1924, o País participou pela primeira vez do torneio olímpico, ao mandar uma equipe aos Jogos de Paris. No ano seguinte, foi disputado pela primeira vez o Campeonato Brasileiro.
O Brasil segue participando das outras edições dos Jogos Olímpicos, mas só consegue conquistar a sua primeira medalha de ouro em 1952, nos Jogos de Helsinque, com Adhemar Ferreira da Silva na prova do salto triplo. Adhemar foi o primeiro dos três triplistas brasileiros a estabelecer o recorde mundial na prova. Os outros foram Nelson Prudêncio e João Carlos de Oliveira.
Mesmo apresentando um quadro de melhoras significativas, com vários atletas destacando-se em provas de pista, campo e rua, o atletismo brasileiro está longe de atingir o patamar de modalidades coletivas como o Voleibol e o Futebol, as quais conseguem manter uma sequência de trabalho, renovando constantemente o seu elenco de bons atletas.
Infelizmente, na atualidade, o atletismo brasileiro ficou marcado internacionalmente pela utilização do doping. Na busca de superar limites, os atletas acabam utilizando todos os tipos de substâncias que lhes permitam ter um maior ganho de massa muscular, recuperação mais rápida, maior rendimento. Será que isto vale a pena?
Os estudiosos são unânimes em afirmar que a indústria do doping está anos luz na frente do comitê de anti-doping, inclusive existem indícios de que alguns pesquisadores trabalham para os dois lados, ou seja, utilizam as informações privilegiadas do comitê anti-doping, para prescrever substâncias ilícitas que normalmente não são detectadas.
Você deve estar se perguntando: - Se é desta maneira, como os atletas são pegos nos testes?
Vejamos como funciona a realização dos testes. O comitê antidoping realiza em competições nacionais e internacionais exames de rotina, onde são escolhidos aleatoriamente alguns atletas para realizar estes exames. Entretanto, quando ocorrem denúncias anônimas que sejam consideradas sérias (fundamentadas), os atletas denunciados são chamados para realizar os testes, que podem ser confirmados ou não.
Caso o teste de doping seja positivo, o atleta tem direito a pedir uma contra-prova, que será feita em um outro laboratório credenciado pela IAAF. Normalmente, durante o tempo em que se espera o resultado da contraprova, o atleta fica suspenso preventivamente.
Agora que você já viu os riscos de utilizar o doping, vamos deixá-lo fora da nossa competição e conhecer alguns acontecimentos importantes na história do Atletismo.
- Você sabia que o ser humano já praticava algumas das modalidades do atletismo como forma de sobrevivência na pré-história. A caminhada, por exemplo, era utilizada para se locomover de um lugar para o outro. A corrida e os saltos, para escapar das presas dos animais carnívoros. O arremesso era usado para se defender e matar animais que serviam de alimento. Desta forma, os homens e as mulheres foram adquirindo habilidades que, mais tarde, foram aprimoradas e adaptadas para as competições de atletismo.
- No início das atividades competitivas elas eram restritas somente para os homens, pois se acreditava que a função da mulher era ficar em casa cuidando do lar e dos seus filhos. Foi somente em 1928, em Amsterdã, que as mulheres começaram a competir.
- Com o aumento das exigências esportivas que poderiam trazer prestígio, fama, dinheiro, etc., muitos atletas começaram a utilizar meios ilícitos para superar os seus limites. No atletismo, um dos casos mais famoso ocorreu em Seul (1988) e ficou conhecido como “Caso Ben Johnson”.
- O italiano Primo Nebiolo foi presidente da International Association of Athletics Federations (IAAF), durante 18 anos, sendo considerado um dos principais responsáveis pela transformação deste esporte em um negócio milionário. Quando ele assumiu a IAAF, a Federação tinha um orçamento de US$ 50 mil e durante sua administração este patrimônio subiu para US$ 50 Milhões.
- Nos Jogos Olímpicos de Pequim foram utilizados carrinhos de controle remoto para trazer de volta para os atletas os implementos das provas de campo, como dados, martelos, discos e pesos.
Referências:
Redkva MFF; Junior MAF. Licenciatura em Educação Física - Fundamentos do Atletismo. UEPG/NUTEAD, 2010